Uma
certa raiva.
Cada
vez menos juvenil. Maldizer a imaturidade é covarde, é amargo, cheio de sica,
suado e cansado pelo trabalho inútil, horrível e desumanizante. De roupa, de
terno e gravata num calor dos caralho bendizendo os bons modos. Não sou eu que
sou fraco por não aguentar esse sistema diário da servidão moderna, da fuligem
pelo pulmão e pelo corpo, adentro e afora. Da poluição mental, da poluição da
alma. Não, não sou eu que sou fraco e frágil, você que é burro, covarde,
ignorante e servo. O que sinto no fundo não é raiva, é pena. De todos nós. Da
complexificação constante da vida e de suas amarras. De como cada vez mais
precisamos de mais e mais apetrechos só para conseguir suprir nossas
necessidades básicas. E como também nossas necessidades “básicas” estão cada
vez mais complexas.
É
triste ter prazer pela explosão de tudo e todos, mas putaquiupariu... Quantos
prédios... Quantos carros... Onde está o tempo? Talvez sedimentado sob o
asfalto... Junto dele devem estar a calma, a contemplação, o vento fresco de
novas ideias e emoções. Lá, mas bem lá no fundo sob o asfalto deve estar o
porque disso tudo. Escondido sob camadas de piche, escondido sob o sub-produto
de seres mortos ancestrais está o motivo de estarmos vivos. Sedimentado,
lacrado pelo progresso. Vai ver que é por isso que tudo anda tão cheio de nada.
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