Amanhã procuro algo.
Que vibre.
Que vibre e pare e volte a vibrar.
Que seja escura e cheia de luzes
devagares a vagar junto com partes do meu corpo diluído, extendido e partido.
Quero ter quatro olhos, dois deles que
flutuem ao meu redor... Para me ver me vendo. Me ver soltando um riso
perturbador, gratificante e quente.
Quente porém emitindo fluidos, ventos e
flechas geladas.
Todas geladas.
Aí eu caio no chão, num chão de madeira
que traz reminiscências de algo não vivido. Algo tão forte e profundo que a
queda se repete num loop ad infinitum à vista de meus olhos flutuantes e
atônitos, sem corpo pra poder reagir e ajudar aquela carcaça misteriosa e
pesada se espatifando sob todos os ângulos possíveis num chão encharcado de
memórias nebulosas.
Gradativamente, depois de um tempo
imperceptível e insensível, recheado de contradições, começam a surgir dentre
as ranhuras do assoalho de madeira, fiapos de fumaça.
Proto-nuvens, que logo começam a tornar
a visão dos meus olhos vendo meu corpo que cai algo difuso e pouco nítido.
Estou dentro da cumulus nimbus, vejo
tudo branco.
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