quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MetaMiração


Amanhã procuro algo.
Que vibre.
Que vibre e pare e volte a vibrar.
Que seja escura e cheia de luzes devagares a vagar junto com partes do meu corpo diluído, extendido e partido.
Quero ter quatro olhos, dois deles que flutuem ao meu redor... Para me ver me vendo. Me ver soltando um riso perturbador, gratificante e quente.
Quente porém emitindo fluidos, ventos e flechas geladas.
Todas geladas.
Aí eu caio no chão, num chão de madeira que traz reminiscências de algo não vivido. Algo tão forte e profundo que a queda se repete num loop ad infinitum à vista de meus olhos flutuantes e atônitos, sem corpo pra poder reagir e ajudar aquela carcaça misteriosa e pesada se espatifando sob todos os ângulos possíveis num chão encharcado de memórias nebulosas.
Gradativamente, depois de um tempo imperceptível e insensível, recheado de contradições, começam a surgir dentre as ranhuras do assoalho de madeira, fiapos de fumaça.
Proto-nuvens, que logo começam a tornar a visão dos meus olhos vendo meu corpo que cai algo difuso e pouco nítido.

Estou dentro da cumulus nimbus, vejo tudo branco.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Mesa do Sujinho


Uma certa raiva.
Cada vez menos juvenil. Maldizer a imaturidade é covarde, é amargo, cheio de sica, suado e cansado pelo trabalho inútil, horrível e desumanizante. De roupa, de terno e gravata num calor dos caralho bendizendo os bons modos. Não sou eu que sou fraco por não aguentar esse sistema diário da servidão moderna, da fuligem pelo pulmão e pelo corpo, adentro e afora. Da poluição mental, da poluição da alma. Não, não sou eu que sou fraco e frágil, você que é burro, covarde, ignorante e servo. O que sinto no fundo não é raiva, é pena. De todos nós. Da complexificação constante da vida e de suas amarras. De como cada vez mais precisamos de mais e mais apetrechos só para conseguir suprir nossas necessidades básicas. E como também nossas necessidades “básicas” estão cada vez mais complexas.

É triste ter prazer pela explosão de tudo e todos, mas putaquiupariu... Quantos prédios... Quantos carros... Onde está o tempo? Talvez sedimentado sob o asfalto... Junto dele devem estar a calma, a contemplação, o vento fresco de novas ideias e emoções. Lá, mas bem lá no fundo sob o asfalto deve estar o porque disso tudo. Escondido sob camadas de piche, escondido sob o sub-produto de seres mortos ancestrais está o motivo de estarmos vivos. Sedimentado, lacrado pelo progresso. Vai ver que é por isso que tudo anda tão cheio de nada.



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

sumaca, Desfiladeiro.


O mar urge e ruge por nada.
No ermo, naquilo que existe há tanto tempo e só poucos conhecem. Suas tremendas ondas batem de forma sincopada e agressiva sobre um conglomerado de pedras pontiagudas. Me pergunto se é um privilégio meu estar assistindo a esse ao mesmo tempo assustador e grandioso espetáculo ou é privilégio do mar ter um tão admirado e atendo espectador. O sentimento de pular é grande, essas águas tem uma inebriante e hipnótica cor. Porém quando a maré puxa as ondas (na metade do espetáculo comandado pelo infinito horizonte), descortina-se um fundo rochoso e lacerante, acabando de vez com a hipnose do mergulho.
As vezes parece haver uma aquietação marítima, uma suposta armadilha para convidar os incautos, pois é de imediato que a longínqua linha sem fim ordena o surgimento de imensas ondas prontas para tragar o que estiver pela frente. Seria o mar agente? Seria passivo? Teria noção de quão belo é? De seu poder e de sua magnitude de encantar e seduzir, de dar e tirar vida? De sua democrática falta de escolha com suas vítimas? Ou seria um mero instrumento? De que? Para que? Besteira...
Besteira de cú é rola! Já diria um jovem posto à pedra. Sem ao menos entender o que esta expressão significa, ele gosta de exclamá-la a plenos pulmões. Num sentimento libertador de raiva e alegria. Cá está, 18 anos na cara, e no joelho. No ombro não, o ombro parece ter 21, hahaha... Caozada na feeeenda mané!! Vários xosé locos com os spyro gyros!

E acima acabamos de presenciar o interior de uma pobre mende debilitada pelo contínuo uso de drogas. Coitado, tão jovem e já acometido por insanos delírios febris. Já já voltamos com mais informações sobre a mente de Joseph Ducareilhou.

Com vocês, Bonner.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Óóó! Mas quanto dor... quanta tristeza!


Ai! Que dor no peito! És tu ó traiçoeira tristeza, que junto de rompantes de raiva me fazem jorrar, caudalosos rios de mágoas, rios de lúgubre desesperança! O terror de não te ver nunca mais me corrói o coração...  ó! Quanta indelicadeza permanecer em pé! Lúcido num mundo sem sentido e sem direção... quando você está longe é melhor morrer! Melhor abdicar desta ínfima e lamuriosa existência, melhor deixar estas amargas e corrosivas horas ao léu para os outros, para os felizes ignorantes ignóbeis. Eu me vou! Me vou para nunca mais voltar!



Distrácion


A imagem passa
e o governo fica
O canalha bicha
de Álvares Cabral
Os bandidos ficam
e eu também
Sou du ai disse-me Sócrates.
Te enrolo em serpentina
Cheiro, gôsto de menina
De suas melenas, deixas
Mustunalaringa da fonte
teflon lá da ponte rí
dos raios rhesus
Jesus! Me dê a luz! Já porra.
Quero a salvação prescrita num remédio tarja preta...
Que engraçado a gente usar roupas, coletes e colchetes etc
Não aguento o fardo dado por mí padre e mí madre,
mas aguento, adoro, regojizo e imploro por mais vida
Ai ai ai aaaaaaaaaaaai............
Cadê minha suposta habilidade
de tirar beleza da realidade
do som, da fonética, de tudo de bom que há pra cheirar, sentir, cuspir, beijar.
Isso aqui só são vômitos incongruentes de uma mente latente numa aula da ECO.
Um vazio suspeito aberto no peito...
Mera distração? Dilúvio da razão? Remédio em busca do eterno ser são? hahahahahaha, puta merda... puta madre!
Preenchê-lo devo com o que? Nao sei...
Escrevo