A insatisfação está garantida com o óbito do sol. A apatia
se instala, e quando raramente se afasta é por conta de acessos de raiva. Não
há esperança na abóboda celeste, não há luz, um cinza enegrecido traz o manto
da noite mais cedo, e com ele vem a mudez, a falta de perspectiva, o choro
contido, a incapacidade de sorrir.
A morte é uma companheira que nos segue de perto nessas
horas, parece surgir como uma dama de preto sedutora nos provocando a provar de
seus encantos. Como uma solução mágica para escapar desta nossa incompreensível
existência. Nos serve como a resposta final, na verdade como a única delas,
depois de descobrirmos que somente de perguntas que se calca a vida humana.
A força que as vezes vem para nos segurar do tombo do
precipício é o amor, esse sentimento que de tão misterioso se iguala a dama
cadavérica em sua onipresença. Um motor que toma seu corpo, sua mente e sua
alma por inteiro. Você só a quer, você quer seu calor, sua compreensão, seus
risos e olhares, algo que de tão forte e profundo transcende o desejo da morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário