Estou doente. Aqui há o
esqueleto, o corpo que jaz e traz lembranças de dias intensos. O descamamento
da alma por conta de excessos em prol de algo ainda há ser descoberto. A fome
de sangue nas veias, de neurônios na cabeça e de luz na alma.
Sexta como de costume
acaba-se a escola meio dia e quarenta e cinco, não tenho dinheiro para comer na
padaria ou no caiçaras, porém vejo Filipo o gracioso e ele me dá a ideia de
comprar uma lasanha semi-pronta. Vamos a sua casa, conosco estavam Zé o
perdigoto e Conan o lascivo. Fumamos e conversamos, ouvimos uma música, cousa
normal, coisa besta, coisa bacana. Percebendo de antemão que não daria tempo
para preparar minha lasanha na casa de Filipo pois a comida de outros já
estavam na frente da fila do micro, me ponho a fronteguarda e já vou a escola
para aquecer minha lasanha e não me atrasar para o filme. Me lembro como se fosse
hoje daquela andada espetacular, transformisa, inigualável e
irrepreensivel. Alva, tigresa
dinamarquesa, gostosa do cabelo leonino e dos olhos de âmbar madrilúdicos se
achega a sala de exibição com Julia e Bia, agi de forma líquida, agi de forma
sincera e desinibida sem amarras, tão logo a vi soltei um sonoro
"uooou", isn't that, hmmmm,
Alva!", she comes to me, we have this litle talk, acompanied by laughters
of Alice, Bia and Julia, she grabs my hair in, I must say, sexy way, and said
that I cuted my hair, that I was prettier, of course I said that her hair was
espectacular too, I love blond hair. Esqueci de mencionar a parte que dizia que
sim, antigamente tinha um cabelo maior, que parecia a monkey. Saí a retaguarda
para pegar minha lasanha, neste dia, por uma conjunção de fatores como
autoconfiança elevada e chapacrazy estava muito sociável, tudo dava certo em
relação as outras pessoas.
Parentêses a algo que
esqueci, esses dias de pura vida e loucura começaram na quinta, e não na sexta.
Depois de dias na expectativa, de tentativas, lá me vou ao méier ver Tame
Impala no imperator. Mas antes tenho que encontrar Buba e Stein na Puc, Buba e
seu jeito juvenil e cinematográfico, Stein e sua pose de malandro viciado. Encontro-los
na rua das vilas, cheia, um bacanal contagiante begesiano. Não compro nada, mas
vivo tomando goles de cervejas alheias, olho nos olhos das pessoas do lugar. A
Puc é uma festa, la perfección seria estudar na ufrj e frequentar a puc.
Estamos de boa, estamos tranquilo, sabendo eu que o show era as 21, sabendo
eles que o show era as 22. As 20 15 pergunto se não estamos atrasados? SIM, o
show é as 21! No méier, estamos na gávea. Fudeu. Ahahahaha. Ah a sensação
inebriante do desespero sutil, da revolta tímida, a correria semi-alterada até
a porra da bartolomeu mitre pra pegar a porra do único ônibus que vai pra porra
do méier. Demora, risos, angústia e chega, passa, deslumbramos a entrada na
passarela deslumbrante que é a rua as 20 30 da noite no ano de 2012, o 476
chega! O simples e singelo Méier - Leblon. Curto e preciso em sua perfeição. Perguntado aqui e acolá descobrimos que
devemos saltar no penúltimo ponto antes do ponto final. Vemos o ônibus inchar e
desinchar, descubro da penumbra da minha mente a zona norte, como é grande!
Como nossa zona de conforto é pequena! Aquilo é Rio! Aquilo é Brasil, a Zona
Norte vibra! Aquelas pessoas clamam por uma vida que não tem! Sentado sozinho muitos pensamentos me povoam
de forma nomadesca. Principalmente
relacionamentos, sexo, autoconfiança num crescente pulsar. Fácil fácil, nos
achamos lá, e rapidamente estamos no Imperator.
Que casa bonita, moderna, artística, que pessoas interessantes, que
garotas psicodelicamente promíscuas, que burrice a minha! Esquecer de verificar
a faixa etária e lá descobrir que teoricamente não posso entrar no show.
Momentos tensos, até angustiantes. Consigo! Entro e exulto em felicidade
genuína, um tesão pela vida e pela música, "tudo nosso!". A noite se
completa em duas coisas principais, o show em si, magnífico, operesco,
ultrajantemente danço ao som de todas as sonoridades possíveis, aperto um beck
em pé, fumo, me livro, me solto e voo. Dora, que surpresa agradável
encontrá-la, como estava linda, como estava Dora. E conseguiu conquistar-me, me
enlaçou quando graciosamente vira a cabeça lá na frente, como num passe de mágica seus olhos me encontram e ela
me manda um beijo de despedida atordoante e escandaloso. Puta que pariu,
tocaste-me garota, tocaste-me. Ainda viriam batatas fritas, semi-desespero
risonho a não saber como voltar pra casa, e uma ligação salvadora a Peu, que
por sorte estava ali com o pai, de carro, e nos deu uma carona amiga e
providencial.
Voltamos a sexta,
voltemos a lasanha, voltemos a Mephisto. Como, mas não tudo, pois o filme
estava prestes a começar, como o resto já na sala de exibition, sento na
frente, ouço o papo sempre interessante de João Guilherme e começa o filme, e
acaba o filme.
Ufa. Duas horas e quarenta preso a tela, finalmente olho pra trás, não
há mais Alva, mas há algo entranhado em mim neste filme. Algo a ver com
atuação, com revolução, com dança, com mulheres negras atraentes, com
brilhantismo, com bissexualismo, com decadência, vitória e derrota. Uma
película extraordinária, que te deixa pasmo por um tempo. Saímos, saímos e descemos
rumo ao bg, ando acompanhado por pessoas que gosto. Quem nos visse de longe
veria uma garota alta, de pele morena e
lindo rosto, acompanhada por uma aparente amiga de rosto deformado, um garoto
de óculos, bonito mas meio pertubado a dialogar com um viking indie e um menino
do rio numa bicicleta, atrás ainda haveria uma garota e seus peitos, e seus
cabelos loiros e sua carinha angelical, outra de lindos cabelos morenos num
bonito rosto em corpo feio, um pseudo-revolucionário e sua namorada sincera. Ao
menos eu estava tocado pelo filme, portanto levo a conversa a assuntos
heterodoxos porém batidos, onde estamos? Porque estamos? Pra onde vamos? Nessas divagações infundadas
acerda do destino da humanidade me deparo com a genial resposta: "Pro bg
cara!", "Não a gente! A
humanidade!", risos e mais risos. Como sempre estava broke, no money no
fun, no baixo empoleiramo-nos no canteiro, cada qual com seu copo e
conversamos, estava me sentindo muito livre, falava o que pensava quando
quisesse, mas ao mesmo tempo não queria ficar preso ali, andei com uma
bicicleta sem freio pelas redondezas, visitei uma livraria linda e chei de cds
legais, por grata coincidência encontro uma garota que havia visto no dia
anterior no show do tame impala. Pessoas chegam e se aconchegam, cada um com
seu cada qual. Pessoas desachegam-se ao ir embora, decido ir pra casa,
decidimos ir pra casa.
Ele, depois de algumas
conversas, toques e gestos, passa a mão em seu braço para se despedir, com dois
beijos e um abraço, forte e tenro. Começam a andar juntos e conversar sobre
coisas banais que atualmente ele nem se lembra, descobrem que tomarão caminhos
separados, se despedem novamente, com a mesma vontade e ternura. Porém ele vê
que pode tomar o outro caminho por outro jeito e consegue burlar o tempo e
roubá-la por mais ínfimos momentos, até que chega ela, a temível e esperada
terceira despedida, que se concretiza em meio a pensamentos e hipóteses do que
poderia ser feito para prolongar aquela sensação. Mas agora ele e ela que andam
sozinhos em direção a seus lares.
Tristemente, sábado
começa cedo o dia. Sete e meia da manhã lá estava eu fazendo o tal do
famigerado simulado enem, que ocupará nossa manhã inteira e minha mente por
completo por um tempo, pois minha capacidade de concentração não é algo digno
de orgulho. Saio diversas vezes no meio da prova, pra andar, pra olhar as
árvores, sentir meus pés no chão, me distrair com minhas sombras e com minha
imagem no espelho, de volta a prova, esperneio, grito, chuto, tenho convulsões,
mato três pessoas três vezes e me mato duas, bato os pés no chão, choro e
canto, tudo sem mover um músculo. Quando finalmente me liberto volto-me pra
dentro ao me engendrar em sonhos e delírios musicais pelo Jardim Pernambuco,
músicas ditam o ritmo da caminhada, uma caminhada instrospectiva cercada de
mansões e cones, e gramas e arquiteturas e seguranças.
Aquela sensação,
sábado, um dia, uma tábula rasa prestes a ser preenchida de emoções,
desilusões, ou nada. E o tempo passa, e você tem que se decidir, o que, aonde,
com quem. E essa facilidade tecnológica acaba por vezes a nos atrapalhar pois
perde-se a importância da palavra, todo mundo é alcançável. Aproveito a carona
dela e vou ao encontro da tribo na casa do Antônio. A caminho de lá passa por
mim um ser chamado Giulliano, com sua bicicleta a grande velocidade ainda tem
destreza de me mandar o dedo do meio. Na portaria recebo a notícia de que não
ninguém em casa, haviam acabado de sair. Descubro-lhes na domino's fazendo o
que sabem fazer melhor depois de fumar, matar uma larica. Oh símios que em sua
individualidade são grandes, são honrosos, mas em grupo são o que há de
ordinário no ser humano, claro que podiam ser piores, mas é meu dever de jovem
reclamar de meu presente habitual para depois me ver sentindo saudades. Fazia
um tempinho que não tomava parte dessa cerimônia, desse encontro entre amigos
que esconde simbolicamente algo a mais, um vínculo, uma competição, um líder,
um fraco, alguém que não fala nada mas não precisa falar nada. Os olhos estava
de certa forma em mim, havia uma curiosidade no ar, algo que poderia ser
ofensivo por parte deles, ou o mais engraçado, insegurança do grupo relativo a
alguém que não sabem se compartilha desse estrito laço invisível, eu. Ali
dentro com certeza o mais esquisito e difícil de lidar carrega o nome de
Antônio, uma pessoa carinhosa, porém agressiva, mimada, sem educação e sem
limites. Estou manejando o grupo, faz tempo que não conversamos, conto
histórias, faço perguntas distintas a cada um, reajo bem às provocações e na
saída da Dominos vejo o que somos, um grupo de crianças, um grupo de crianças
amigas já enfrentando a vida, crianças as vezes com medo, umas mais lúcidas,
outras mais livres, outras mais reprimidas. Mas no fundo todo mundo gosta-se, tenho
essa reflexão ao estar gargalhando no meio da rua junto com todo mundo ao ver
uma criança gordinha cair de seu skate.
Esses momentos levam
mais a reflexão do que a narrativa constante com tom literário que busco, então
vamos logo dizendo que voltamos a casa de Antônio, ficamos pouco tempo, logo em seguida deixamos Juca e
Bida pelo caminho e fomos a aabb jogar futebol, no caminho encontramos Olavo,
este já veio com uma história envolvendo a prisão deste num banco por meia
hora, até alguém perder a cabeça e quebrar a porra da porta de vidro, ahahaha,
isso aí, quebraremos todas as portas de vidro de banco que encontrarmos! Nossa
como esta entrada está moderna! Foi o que disse a recepcionista do clube, é tão
bom perceber como você consegue tocar as mulheres somente sendo terno, gentil e
confiante no jeito de falar, ser sedutor é uma arte, uma arte a ser moldada. O
futebol rolou como o quê? Como a chuva, como algo que sempre acontece, algo
habitual como todo dia ver um carro, todo dia eu vejo a porra de um carro na
minha frente em alguma hora do dia. Mas
veja bem, eu gosto de chuva e de alguns carros.
Chego em casa, já é
tarde, acho que batiam umas 20 30. Soube de uma festa em laranjeiras, porém não
fui convidado, pas de problem, liga-se, digita-se e consegue-se. Arrumei-me, jantei-me
e fui para a casa do Bê baitola. Estava com uma camisa que costumo dormir, a
parte irônica consiste no fato desta camisa ser uma fina e bonita camisa
lacoste, o estranho seria dormir com ela, porém no caso deste garoto burguês
aparentemente antimaterialista que lhes fala o estranho é o oposto. No Bê,
encontro Jp, Pedro e Isidoro. Gente boa, gente fina, engraçada, taí uma tribo
mais harmônica, porém em seus meandros deve haver muitos defeitos como tudo na
vida. Fumo, bebo uma cachacinha e me vou, eles vão comer em algum canto, Jp me
acompanha e vamos nós a laranjeiras. Gratas conversa tenho com Jp! Sobre
mulheres, poesia, dança, música, negros, ônibus, bares, assentos de ônibus, um
bom amigo! Chegando no laranjal o próximo ponto é nos acharmos, acharmos a tal
rua. Pergunto ao maluco do posto e rapidamente subimos e chegamos a um
aparentemente pequeno apartamento, lotado, escuro, uma judaiada só. Músicas de
sucesso, só os hits, muita mulher e muito judeu, não que eu seja antisemita ou
algo assim, mas é fácil de perceber. Caipirinha de vários tipos, tudo de graça,
várias garotas da escola, Juliana sempre me chamando pela buceta, Carolina pelo
peito, ahahaha. Como é patético rir em textos, parece que estou travando um
diálogo infanto-juvenil, quem ri é o leitor não tu ó imbecil idiota. Danço,
olho o ambiente, encontro o Vitor Guará, grande e nostálgico amigo, ele e seus
amigos e amigas dançam tudo quanto é sucesso, dançam até se acabar, chego em
uma de suas amigas, uma judia corpulenta, dona de um corpo em que eu estava
desejoso de passar as mãos por todas as profundidade e comprimentos possíveis e
inimagináveis. Acho engraçado o repreensível interesse em mim gerado por um dos amigos de Guará, que
dançava como uma garota no cio. Mais tarde chegam os mlqs, Joaquim, Felipe,
Ibrahim e Giulliano. Passa-se o tempo, o tempo vai passando, já falei que o
tempo passou? Fumamos um gracioso beck no banheiro, um momento de pura graça e
diversão, eu, Carolina, Joaquim Ibrahim. Mexo muito com a carol, essa garota
ainda vai, ainda vai. Depois me vejo dançando, me vejo beijando, me vejo
asediando Luiza. Bastou uma dança, essa garota me queria há um tempo. Acho-a um
pouco feia, mas foda-se, ela tem uma bela bunda e não para de me beijar.
Ficamos na parede, ficamos na outra parede, ficamos no corredor, sempre
avançando um pouco, sempre a iniciativa tomada por mim, passo a mão pelo seu
corpo inteiro, um corpo quente e ardente de índia parruda. Ela gosta de meu
lábio, não para de puxá-lo. Vejo-a como uma diversão, não como o real desejo,
preferia outras, mas cá estou com essa, pelo menos me reservaria ainda gratas
surpresas. Ela puxa meu braço, abre-se uma porta, abre-se duas, estamos em um
banheiro. Ali já é outra história, chego em sua buceta, ele chega em meu pau,
toco gentilmente seu tímido peito e ajo como um bárbaro com suas coxas e bunda.
Levanto-a pela coxa e a ponho em cima da pia, começo a chupá-la, mas ela (que a
toda hora está num misto de prazer audível e arrependimento que se extingue com
simples gesto meu) diz: isso não, agora não. Sentamos no chão, quase há uma
cópula vestida devido a nossa posição, pergunto se não quer chupar-me, chupa-me.
Permanecemos no chão por muito tempo, numa cena bonita até, com muita conversa
e paixão. Vamos embora e vejo que já se foi a festa inteira, menos os “casais”
Jp e Julia, Felipe e Juliana, a irmã de
renata e a aniversariante. Sento-me com Juliana e Felipe, temos agradável
conversa, acho estranho e sedutor como Juliana me fita de um jeito estranho nos
olhos. Volto pra casa e durmo.
Cedo acordo no Domingo,
os primeiros sinais da estafa já estão a caminho. Cedo acordo não por vontade
própria, mas devido aquilo que conhecemos como família, fazendo aquilo que conhecemos
como almoçar. Vou como um morto-vivo, agradeceria se tivesse um óculos escuros.
Um almoço típico é o que descorre, sempre bom, sempre uma oportunidade de ver
nossos avós queridos. Avós esses que aproveito e peço uma carona até a praia de
ipanema, especificamente até o posto 10. Grande Vitinho, grande Juca, grande
Stein, Jp e Joaquim. Vou ao mar, sinto o sol na pele, converso, principalmente
claro sobre a festa de ontem e sobre o já rotineiro Oliveira alcoolizado, na
praia nunca vi vez para assuntos complexos, sempre é sobre algo que ocorreu, com
alguém, presente ou conhecido. Talvez esteja sendo radical, mas foda-se. Volto
pro jb e mal fico em casa, decido por estúpida aventura juvenil ir de bike até
o Antônio ver o jogo vasco e flamengo. Jogo ruim, fumo bom, o ritmo já está
caído, final do dia, final do domingo, final da narrativa. Engraçado que na
volta fui com Joaquim de bike pela orla, ali gastei minhas últimas energias, a
felicidade e excitação exultavam em mim, não sei porque mas gritava, ria,
falava em inglês, mexia com as pessoas na rua, parecia bêbado. Chego em casa e
morto durmo.
Acordo fodido, doído,
cansado e fraco. O resto do dia só vem a confirmar minha condição de moribundo,
durmo, não sou produtivo, mal rio. Chega por fim a doença em mim. O corpo pede
descanso por meio da febre, então é isso, que posso fazeire. Descando, durmo,
escrevo e cá já estou no outro Domingo, há praticamente sete dias em casa com
poucos intervalos, feliz e com medo. Sentindo prazer pela vida e sua
constância.
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