quarta-feira, 20 de novembro de 2013

o Tempo no mirante do pasmado


Um pé após o outro.
Pedra sobre pedra.
A mente só se esquece
do já irrecordável.

Ah... um dia ainda consigo transformar o tempo em filme...
Ou ao menos entender algo, algo sobre o que não sei ainda,
mas que me dê (ou me tire) o veneno do extremo.

Como as ruas, que me lembram artérias e veias,
as mãos-duplas do envelhecimento... a constatação do peso da vida!
Corra que ele se esvai! Corra que a cada dia mais uma gota de história é derramada, 

usufruída no sistema de partilha.
Ele que nunca te abandona, que persevera a cada piscada de olho, a cada onda do mar, a cada noite sonhada, a cada lufada de ar.
Tempo, Chronos, Titã, magnâmio, magnífico.
O caminho sem volta universal,
que doa e que tira,
que lhe gasta e lhe gela a espinha.

Aqui do alto me sinto grande, eloquente.
Rodeado de animais, de casais e de policiais.
No mirante do pasmado o tempo é levado a sério,
daqui a pouco escurece e prossegue o mistério:

o que esses animais comem
se esses casais se amam
pra que os policiais servem
se os animais amam
a quem esses casais servem
porque os policiais comem
pra que os animais servem
se esses casais se comem
pra que os policiais amam

Tudo besteira, tudo gracejo.
Estarei satisfeito se...
Daqui a três anos me achar idiota.
Daqui a dez anos chorar de emoção.



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