segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Invasão



Nesse momento escrevo sentado na privada. As pontas dos dedos dos meus pés tocam gentilmente a fria parede de ladrilhos à minha frente. Há tempos ouço um barulho regular e sincopado vindo lá de fora, algo como uma obra. Vejo o barulho se aproximar como pequenas e efêmeras bolas pretas, circundadas por um halo de luz branca. Elas aparecem no ponto cego de minha visão, quando viro a cabeça no intuito de focá-las elas somem. O barulho continua vindo, cada vez mais forte. Logo o sinto pertíssimo, em minha orelha, dentro de mim, dentro do meu corpo, dentro do meu intelecto. No cerne do meu Ser. Sou tomado pelo barulho, não há mais barulho. O barulho sou eu, e decido dar uma volta.

Lá de fora ouço o toque gentil dos dedos de um rapaz em sua fria parede de ladrilhos. Vou me aproximando e inexplicavelmente me vejo como uma aura de energia na forma de bolas pretas circundadas por brancos raios de luz. Estou muito rápido e sincopado, logo me sinto pertíssimo dele, em sua orelha, vejo-me dentro dele. Dentro do seu corpo, dentro do seu intelecto. No cerne do seu Ser. Tomo o rapaz, não existe mais rapaz. O rapaz sou eu.

terça-feira, 22 de março de 2011

Rap ao Incompreensível



Pica-pau amarelo
Que digere muito inseto
Você tem as respostas
À aquilo que espero?
Sou muito curioso
Tenho uma sede que alucina
O que é crescer, o que é pensar?
Qual o sentido da vida?
A insignificância majestosa do seu Ser
Pode conter as respostas que anseio a receber
O que é falar, o que é dizer?
Quero viver, quero morrer
Quero me enclausurar
Numa casa sem janelas
Onde a única energia
É a luz da primavera
Mas aí vem o problema
A questão que me atormenta
A minha solidão parece a praia de ipanema
A falta de janelas
Me torna multi-facetado
Problemas e inseguranças
Eram lisos, ficam quadrados
E isso me atormenta
Isso é uma tormenta
E isso me atormenta
Isso é uma tormenta
E isso me atormenta
Isso é uma tormenta
E isso me atormenta

Isso é uma tormenta

sábado, 22 de janeiro de 2011

Pensamentos...



Morte, isso me intriga muito. Se morremos, porque vivemos? Tentando escapar desse clichê divago, divago e divago e tenho prazer em divagar, uma alegria exultante me percorre quando não acho resposta resposta alguma, porque achar alguma resposta? E uma curiosidade me domina, vou ser franco, eu não espero a hora de morrer, mas meu pensamento é o oposto do suicida, não é uma coisa mórbida, não aprecio a morte, simplesmente tenho um comichão, um aperto dentro do peito, uma ansiedade aguda quando penso sobre a morte, quero descobri-la, ler suas entrelinhas, mas será que isso é possível? Será que na hora da morte somente vou me decepcionar, ou será algo de tamanha magnitude que nós meros nadas nem podemos no nosso infinito pensamento imaginar algo próximo a isso?
A morte me faz pensar ainda mais sobre o Ser, vivemos oitenta anos, oitenta anos! Olhe o Homo Sapiens! Olhe a Terra! Olhe o Sol! Olhe o Universo! Meu deus, nos compare! Não há comparação! Então o que significa a Vida se é tão passageira? O que importa em que eu vou trabalhar!? O que importa a porra do tênis que eu vou comprar!? O que importa o filme que eu vou alugar?! O que importa em quem eu  vou votar?! O que importa se o fluminense ganhou?! O que importa o que Platão disse?! O que significa viver?! O que importa quem você é? O que você é? Nós somos tão, tão ínfimos, mas ao mesmo tempo nos achamos tão, tão grandes.


É engraçado o grandioso apreço que todos dão à vida, a vida é o bem mais precioso de todos no mundo inteiro, a vida representa tudo, sua pessoa, sua alma, o presente dado por Deus. Mas quando estão tentando dormir não pestanejam em matar com um seco tapa o pernilongo que o incomodava.