quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MetaMiração


Amanhã procuro algo.
Que vibre.
Que vibre e pare e volte a vibrar.
Que seja escura e cheia de luzes devagares a vagar junto com partes do meu corpo diluído, extendido e partido.
Quero ter quatro olhos, dois deles que flutuem ao meu redor... Para me ver me vendo. Me ver soltando um riso perturbador, gratificante e quente.
Quente porém emitindo fluidos, ventos e flechas geladas.
Todas geladas.
Aí eu caio no chão, num chão de madeira que traz reminiscências de algo não vivido. Algo tão forte e profundo que a queda se repete num loop ad infinitum à vista de meus olhos flutuantes e atônitos, sem corpo pra poder reagir e ajudar aquela carcaça misteriosa e pesada se espatifando sob todos os ângulos possíveis num chão encharcado de memórias nebulosas.
Gradativamente, depois de um tempo imperceptível e insensível, recheado de contradições, começam a surgir dentre as ranhuras do assoalho de madeira, fiapos de fumaça.
Proto-nuvens, que logo começam a tornar a visão dos meus olhos vendo meu corpo que cai algo difuso e pouco nítido.

Estou dentro da cumulus nimbus, vejo tudo branco.