quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Espelhos


Há sempre reflexos. 
A noite lá fora já caia aguda sobre os míseros e solitários carros em busca de conforto e velocidade, carros tristes, sem saber da verdade da finitude, da verdade do engasgo do motor, do prego no caminho da noite, da namorada atrasada. Transportes cívicos individuais, poluentes e práticos.
Mesmo lá dentro, mesmo dentro da escotilha da irracionalidade, há reflexos.
Pelo retrovisor o estrago já foi feito
Pelo para-brisas, a chance de dar merda de novo.
A música já soa mais lenta dentro de casa, o vento lá fora é sedutor como um pedido ao pé do ouvido. Tudo leva a crer que o gesto já foi feito, o carro já se foi, a desilusão foi seu motor de arranque. A lua cai e as estrelas se tornam difusas enquanto o motorista é ofuscado pelos raios de um sol presente, o motorista acelera em busca desse calor dia após dia. Dia após dia.




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